Sem categoria

Mudança de doutrina

Por Pedro Paulo Rezende

As Forças Armadas da Federação Russa em operação na Ucrânia mostraram um repertório de táticas que se afastam da doutrina militar soviética, pensada por Mikhail Tukhachevsky na década de 1930 e que consolidava 300 anos de experiência de combate. Empregada com sucesso na Segunda Guerra Mundial se apoiava em três pontos básicos:

1. A maskirovka, que consistia em simular eixos de ataque por meio de emissão de sinais de comunicação falsos. Desta maneira, estimulava o inimigo a deslocar suas forças para longe do foco real da ofensiva;

2. Concentração de artilharia e o uso pesado do poder aéreo, com o objetivo de abrir um ponto frágil na defesa adversária;

3. Explorar as brechas com superioridade numérica absoluta em blindados e infantaria, de maneira a romper as linhas contrárias e destruir suas linhas de suprimento.

O primeiro ponto da nova doutrina é o uso de forças numericamente inferiores às do inimigo, um anátema desde 1709, quando o imperador russo Pedro I, conhecido o Grande, esmagou o exército sueco, a melhor força profissional do seu tempo, graças à força dos números. A estratégia usada também abriu mão de outro dogma: o uso em massa da artilharia. Nas operações contra as forças ucranianas, helicópteros de ataque e mísseis guiados por satélites de geolocalização substituíram a artilharia. Em lugar de maciças barragens, instrumentos cirúrgicos de destruição eliminavam os alvos. Outro fator importante na doutrina russa e soviética, o uso maciço de carros de combate, determinante para a vitória contra o regime de Adolf Hitler, também foi abandonado durante a primeira fase do conflito. Forças aerotransportadas por helicópteros, apoiadas por Spetsnaz (tropas especiais que operam isoladas) passaram a liderar os avanços. O papel dos caças e aviões de ataque foi ajudar na supressão dos equipamentos e meios de vigilância e controle do espaço aéreo, de maneira a permitir o emprego dos helicópteros. Mísseis de cruzeiro, balísticos e hipersônicos desabilitaram as bases da Força Aérea da Ucrânia. (Leia mais aqui)

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.