Por PEDRO PAULO REZENDE
Seis meses depois de iniciada, vale avaliar o processo de adesão da Finlândia e da Suécia junto à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em artigo anterior (veja mais aqui) afirmei que o ato apenas formalizava o que todos já sabiam: a participação ativa dos dois países na aliança ocidental envolta em uma embalagem de falsa neutralidade. Isto era evidente desde a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 26 de dezembro de 1991. Os dois países usavam um duplo padrão em suas relações diplomáticas favorecendo os Estados Unidos e a Europa. A situação atual ainda depende do beneplácito das autoridades da Turquia e da Hungria, que ainda não endossaram a ampliação do bloco.
Ancara exige a entrega de 150 refugiados de etnia curda pelo governo sueco. Para piorar, no dia 22 de janeiro, o político de direita dinamarquês-sueco Rasmus Paludan, líder do Partido Stram Kurs (linha dura, em português) queimou um exemplar do Corão durante uma manifestação em frente à embaixada da Turquia em Estocolmo. Racista, defensor do poder branco, fundamentalista cristão, anti imigração e anti islâmico, ele alegava mostrar ao governo turco o verdadeiro significado da liberdade de expressão. O ministro de Negócios estrangeiros da Suécia, Tobias Billström, minimizou:
— O fato de tais manifestações poderem ocorrer no país faz parte da democracia sueca.
Obviamente, Erdogan não aceitou as desculpas. A Turquia tomou a ação como uma violação sueca do acordo de adesão à OTAN. O chefe de Estado turco lembrou, de maneira ácida, que o Parlamento do país ainda não ratificou o acordo e que, sem a unanimidade dos membros, o tratado não tem valor. É bom ressaltar que vários líderes islâmicos e somaram aos protestos contra Paludan (leia mais aqui).
Foto: Antonia Sehlstedt/Försvarsmakten
Ou seja Pepe, a tchurma não entra pra Otan tão cedo.
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Excelente texto. Os suecos podem ter problemas com os turcos
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