energia nuclear Geopolítica

O terror, a irresponsabilidade nuclear e o efeito Bustani

Por PEDRO PAULO REZENDE

Desde 4 de março, quando as forças aliadas — formadas pela Federação Russa e as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk — chegaram à cidade de Energodar, a Central Nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, com seis reatores, sofre ataques diários. A seriedade da ameaça às instalações, agora em território russo, não pode ser minimizada. Se um dos seus reatores for atingido os efeitos seriam sentidos por todo o sul e oeste da Ucrânia, incluindo as cidades de Odessa e Lviv e a região do Mar Negro. A Moldova, a Polônia e a Romênia também sofreriam danos sérios devido à radiação. A área afetada, provavelmente, chegaria à capital ucraniana, Kyiv, e ao sul de Belarus, uma tragédia maior que a de Chernobyl. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, constatou os ataques, mas emitiu um relatório anódino, que não culpou as autoridades de Kyiv e seguiu, na íntegra, o discurso das potências ocidentais. Isto não é novidade. As agências ligadas ao sistema da Organização das Nações Unidas segue esta receita desde 2002, quando o embaixador Maurício Bustani, então diretor-geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), teve a coragem de enfrentar o presidente dos Estados Unidos, George Wayne Bush, e tentou impedir a Guerra do Iraque (leia mais aqui).

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