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O pântano digital

Por PEDRO PAULO REZENDE

As ações das agências de inteligência ocidentais não se resumem, hoje, às atividades de espionagem. Desde a Primavera Árabe, influenciadores recebem instruções e pagamentos de organizações não-governamentais para vender as mensagens ditadas por Washington. Programas como o Carnegie Endowment for Democracy financiam sites para que ataquem países que se afastam dos interesses da Aliança Atlântica. Um dos melhores exemplos é a Orix, página que surgiu depois do início do início do conflito da Ucrânia e se especializou em publicar fotos de blindados e veículos destruídos, supostamente das forças russas. Estudos mais atenciosos descobriram manipulações de imagens, como unidades ucranianas modificadas no Photoshop ou recicladas. Sintomaticamente, ela fechou depois que equipamentos soviéticos foram substituídos por ocidentais nos combates de Donbass.

O editor de um site de defesa brasileiro, depois de publicar uma matéria neutra sobre o conflito, recebeu uma mensagem do YouTube aconselhando-o a retirar ou corrigir o material para um viés mais favorável à Ucrânia, ou poderia sofrer punições. Outro foi banido pelo mesmo aplicativo depois de ser “denunciado” como pró-russo. Esta política é seguida pelo Facebook e o Instagram.

Os governos não-alinhados com a Aliança Atlântica e neutros, como o Brasil, já perceberam que as redes sociais se transformaram em um terreno movediço e propenso à difusão de fake news. A discussão sobre o controle da internet já chegou ao Congresso Nacional onde se discute o aperfeiçoamento da Lei do Marco Civil da Internet que estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da rede no país. O tema se tornou mais urgente depois que o Facebook, o Instagram, o Twitter e o WhatsApp serviram como ferramenta para impulsionar uma tentativa de golpe de Estado para reverter os resultados da última eleição presidencial para manter Jair Bolsonaro no comando do país. Os mesmos mecanismos foram empregados nos Estados Unidos a favor de Donald Trump contra Joe Biden.

A verdade é que a internet se transformou em uma ferramenta eficaz para que as grandes potências ocidentais, que dominam a narrativa por meio do uso inteligente do softpower — Hollywood e o entretenimento eletrônico são bons exemplos disto —, espraiem suas ideias. Sem um filtro eficiente, as nações e instituições tradicionais se tornarão reféns e cada vez menos independentes. (Leia mais aqui)

Post publicado em 13 de março de 2024 e apagado por um problema de software do WordPress

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