Por Pedro Paulo Rezende
O presidente da Argentina, Javier Milei, pensou que seria a estrela do Fórum Mundial de Davos ao iniciar sua fala no maior palco do capitalismo global. Afinal de contas, suas ideias anarcocapitalistas e ultraliberais deveriam cair como música nos ouvidos da elite mundial. Ele defenderia a total independência do mercado e atacaria as agendas globais de combate à desigualdade e às mudanças climáticas que trazem custos extras às grandes corporações. Durante pouco mais de 20 minutos repetiu as cantilenas que defende em todas as suas falas públicas. Apesar disto, saiu de mãos abanando. Em um evento que reúne os maiores empresários e os principais chefes de Estado, o presidente argentino só se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, para apresentar sua proposta para as Malvinas, e com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, para discutir o programa de empréstimo de US$ 44 bilhões para rolar a dívida contraída no mandato de Maurício Macri.
É importante ressaltar que no dia 10 de dezembro Milei desistiu de participar do BRICS, bloco formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — recentemente ampliado com as adesões de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. A motivação foi claramente ideológica: a Argentina irá se alinhar automaticamente aos países ocidentais e pretende participar da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a exemplo do que queria o ex-presidente Jair Bolsonaro. O grande problema é que as fontes de investimento dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão secaram.
Hoje, apenas o BRICS investe nas economias emergentes. Milei perdeu um empréstimo de US$ 5,6 bilhões da China, que tirariam a corda do pescoço da Argentina, que deve US$ 44 bilhões para o FMI. É preciso ressaltar que, antes da posse de Milei, a República Popular da China era, junto com o Brasil, uma das maiores fontes de dinheiro novo e mantinha um investimento anual de US$ 1,3 bilhão no país. Milei queria sair de Davos como herói. Saiu como piada e sem “plata” para financiar seus sonhos anarcocapitalistas. (Leia mais aqui)

