Por PEDRO PAULO REZENDE
A passagem de Luis Almagro pela Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) será lembrada por escândalos. Ele marcou sua gestão, iniciada em 2015, por ações polêmicas e sempre favoráveis aos interesses do governo dos Estados Unidos da América. Entre outras decisões, partiu dele a decisão de retardar o anúncio da comissão de observadores eleitorais da entidade que fiscalizou o pleito presidencial boliviano de 2019, o que foi usado pela oposição como justificativa para a derrubada de Evo Morales. Depois do golpe e da ascensão da senadora Jeanine Áñez, que se autoproclamou presidente, o documento da OEA declarou que o pleito fora limpo e o resultado, que garantia a reeleição do mandatário, justo.
Há outras decisões extremamente questionáveis. Almagro, ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai, usou a OEA para efetivar o bloqueio econômico contra a Venezuela e a legitimação do governo autônomo de Juan Guaidó; ele também apoiou a repressão dos protestos sociais no Chile, na Colômbia e no Peru e comandou a guerra legal e a perseguição judicial contra o ex-presidente do Equador Rafael Correa. Apesar disto, o secretário-geral da OEA quase perdeu o cargo por uma questão trivial: ele promoveu uma assessora, 20 anos mais jovem, depois que começaram um caso amoroso.
O Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG) e o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO) publicaram La OEA em tempos de Almagro, um livro no qual se faz uma revisão exaustiva do mandato do político uruguaio diante da instituição interamericana, com um análise crítica de sua gestão e sua posição diante dos principais acontecimentos que aconteceram na região desde 2015, quando assumiu o cargo. (Leia mais aqui)

